sexta-feira, 8 de novembro de 2024

#18 - Palestra de Araquém Alcântara; cinco décadas de carreira!

Santos, 07 de novembro 2024 – O fotógrafo Araquém Alcântara, um dos maiores nomes da fotografia contemporânea brasileira, apresentou ontem uma palestra que abordou sua visão sobre o papel da fotografia como expressão artística e sua relação com a história, a cultura e a transformação social. Com um estilo único e reflexivo, Alcântara compartilhou experiências, influências e conceitos que moldaram sua carreira e sua forma de entender a fotografia como ferramenta de resistência e combate.

"Fotografia é o exercício de uma vertigem" (Araquém Alcântara)

A palestra começou com a citação de um poema de Carlos Drummond de Andrade, *"A Câmara Viajante"*, que abriu um diálogo sobre o poder das imagens e o processo de observação e registro do mundo. Durante sua fala, Alcântara revelou que se inspirou no filósofo Roland Barthes para adotar o hábito de sempre carregar um caderno de anotações, prática que considera essencial para o trabalho do fotógrafo, que precisa estar em constante reflexão sobre o que vê e registra.

"Nunca aceite o novo sem ter conhecimento de causa" (Araquém Alcântara)

Alcântara destacou que, para entender verdadeiramente o "espírito" do Brasil, é preciso se inserir em seu contexto, andar entre as pessoas e captar a essência da vida cotidiana. Ele defendeu que a fotografia, além de ser uma forma de arte, é também um instrumento de transformação social. “Lutar com fotos e palavras por uma nova era” foi uma de suas provocações durante o evento, ressaltando o compromisso do artista com a transformação através da arte.

"Precisamos hospedar o silencio durante o processo de fotografar" (Araquém Alcântara)

Ao longo de sua fala, o fotógrafo compartilhou momentos marcantes de sua trajetória, como a experiência reveladora ao assistir ao filme *A Ilha Nua* (1960), de Kaneto Shindô, que, segundo ele, foi uma epifania para sua carreira e o fez entender o poder da fotografia como forma de expressão e luta. Ele também relembrou suas primeiras imagens, feitas das prostitutas no cais do Porto de Santos, como uma forma de dar voz àqueles que, muitas vezes, são invisibilizados pela sociedade.

"Vejo que fotografar é um grande desabafo" (Araquém Alcântara)

Alcântara também abordou questões atuais, como a banalização das imagens com o advento das tecnologias digitais, e a necessidade de ler e estudar a história da fotografia para não perder a profundidade do olhar artístico. Para ele, o fotógrafo precisa se expor, mostrar suas obras e, acima de tudo, considerar a fotografia um “click sagrado”, um momento único que deve ser tratado com respeito e seriedade.

"Diante da mediocridade eu viro uma onça" (Araquém Alcântara)

O fotógrafo também falou sobre a importância de criar narrativas por meio dos ensaios fotográficos e compartilhou alguns de seus projetos, como o livro *Amazonas das Crianças*, que registra a vida de crianças na região amazônica, revelando um olhar sensível e crítico sobre as questões sociais e ambientais.

"O que realmente o brasil quer da Amazônia?" (Araquém Alcântara)

Em um momento emocionante, Alcântara revelou que os temas abordados na palestra fazem parte de sua trajetória pessoal e profissional e serão a base para uma biografia que será lançada em breve, oferecendo ao público uma imersão mais profunda em sua vida e obra.

"Fotografar é meu oxigênio" (Araquém Alcântara)

A palestra foi um convite à reflexão sobre o poder da fotografia como uma forma de combater a banalização da imagem e resgatar sua verdadeira essência enquanto arte e meio de transformação social.

Ao fim da palestra, Araquém atendeu ao público autografando seus livros, tirando fotos e batendo papo.


Sobre Araquém Alcântara:
Araquém Alcântara é um dos mais respeitados fotógrafos brasileiros, conhecido por seu trabalho inovador e por seu olhar atento sobre a realidade social, cultural e política do Brasil. Ao longo de sua carreira, Alcântara tem utilizado a fotografia não apenas como um meio de expressão, mas também como uma ferramenta de combate e reflexão. Seu trabalho tem sido exibido em importantes instituições e ele continua a inspirar novos fotógrafos com seu compromisso com a arte e a transformação social.